Certamente que já ouviu falar dos círculos e formas estranhas que por vezes aparecem em plantações de todo o mundo. Mas o que sabe sobre círculos na erva do fundo do mar? Fotografias aéreas da costa de várias ilhas na Croácia revelam círculos regulares de areia entre a posidónia oceânica, uma espécie de erva marinha endémica do Mediterrâneo.
Os círculos apresentam um diâmetro de 50 metros e a distância à costa e entre si é a mesma. As formações foram primeiramente descobertas pelo biólogo Mosor Prvan, da Sunce Association, uma organização sem fins lucrativos ambiental. “Vimos estes círculos pela primeira vez em 2013, através de fotos aéreas, enquanto trabalhávamos num projecto de mapeamento nas ilhas de Unije, Susak e Srakan”, indica o biólogo à Mashable.
À primeira vista, os círculos podem ser difíceis de identificar, mas se olhar com atenção para estes mapas do Google Maps, encontrá-los-á perto da costa. Prvan e uma equipa da organização efectuaram mergulhos para estudarem as formas.
“Inicialmente, pensámos que era uma espécie de manipulação fotográfica e decidimos mergulhar para nos assegurarmos que os círculos existiam mesmo”, explica o biólogo. “Eles tinham uma forma perfeita, como se a posidónia tivesse sido cortada com uma forma geométrica”.
Um caso semelhante, também de círculos na posidónia oceânica, na Dinamarca, foi explicado pelos cientistas em Janeiro deste ano – os círculos eram o resultado de uma substância venenosa que estava a matar a posidónia e a deixar marcas circulares no fundo do oceano.
Contudo, o caso na Croácia é diferente: os círculos são maiores e mais regulares, tanto na forma como no padrão em que aparecem. Prvan está certo de que o fenómeno é antropogénico. “Não sei qual é a causa mas penso que é potenciado pelo homem. Contactei com vários especialistas na espécie e nunca viram nada como isto. Não penso que seja uma bactéria ou uma substância venenosa”, indica.
Uma possível explicação para as formações é a caça ilegal de peixe com dinamite. Porém, Prvan diz que esse tipo de pesca deixa marcas mais pequenas e irregulares. O fenómeno continua assim por explicar mas, de futuro, pode vir a ter impactos negativos no ambiente. “O Adriático é um dos habitats mais importantes de posidónia no Mediterrâneo”, afirma Prvan.
A melhor suspeita do biólogo é que as marcas sejam produzidas por testes militares. A posidónia é uma espécie de alga que cresce lentamente, entre dois a três centímetros por ano. Existe uma teoria entre os peritos de que quando se extrai uma quantidade tão grande de posidónia, a espécie não volta a crescer. Assim, de acordo com Prvan, o próximo passo é determinar a idade dos círculos para que o mistério possa ser resolvido.